E o Barcelona conseguiu o milagre. De forma inédita, um time reverteu o 0-4 da ida e se classificou em uma competição europeia. Foi épico, foi fantástico, foi inesquecível. E foi um roubo.
O juiz alemão Deniz Aytekin roubou do Paris Saint-Germain a chance de se classificar para as quartas de final da Liga dos Campeões. Simples assim.
Com 1 a 0 para o Barça, não deu pênalti de Mascherano, que saltou para bloquear um cruzamento de braços abertos. Correu o risco ao dar o carrinho, expandiu sua área de bloqueio. Pênalti não dado que já teria mudado completamente a cara da eliminatória.
E verdade que o PSG contribuiu com erros individuais. Os zagueiros praticamente deram os dois gols ao Barca no primeiro tempo. Thiago Silva perdidaço no lance do primeiro, Marquinhos passivo no segundo - permitiu a Iniesta brigar na jogada, cruzar de calcanhar e forçar o gol contra de Kurzawa.
Taticamente, o PSG fez o jogo que podia. Marcou bem, fechou espaços, obrigou o Barçaa a chutar de fora da área e deu algumas espetadas no contra ataque. O primeiro tempo acabou 2 a O para o Barça,
mas não era um placar condizente com o volume de jogo em campo.
Depois, com 2 a 0, o árbitro Aytekin inventou um pênalti absurdo cavado por Neymar no início do segundo tempo. O jogador do PSG se desequilibra, cai no chão e Neymar é quem busca o contato e cai - sua enésima queda na área.
O script era o dos sonhos de Luís Enrique, dos torcedores e jogadores: 3 a O logo no início do segundo tempo. Mas o gol de Cavani, aos 17min do segundo tempo, "matou" a eliminatória para o PSG.
Depois dos 4 a 0 de Paris, o PSG sabia que para avançar no Camp nou bastaria isso: um
gol. No início, no meio ou no fim, não importa. Com 0 a 0 ou 3 a 0 contra. Um gol mataria o Barcelona. E foi o que aconteceu (só que não).
Dos 17min aos 43min do segundo tempo, o Barcelona nada fez. A torcida se calou, Luís Enrique tirou Iniesta de campo (já pensando no futuro na Liga espanhola). O PSG teve dois contra ataques que seriam a pá de cal. Cavani perde um gol cara a cara com Ter Stegen, Di Maria perde o outro - fiquei em dúvida se houve pênalti de Mascherano no lance, mas infelizmente a geração de imagens da Uefa não mostrou o replay desta jogada uma vez sequer.
Aos 43min, Neymar faz um golaço de falta. Uma cobrança magistral. 4 a 1. Ainda faltavam dois gols para a classificação.
E aí o árbitro, aquele mesmo que não tinha dado um pênalti para o PSG no primeiro tempo e outro no segundo, inventou um segundo pênalti para o Barcelona. Marquinhos encosta em Luís Suárez, que desaba na área. Uma cavada de livro. Uma vergonha. Eram 46min do segundo tempo.
Neymar bateu o pênalti, 5 a 1. Aí virou aquele pega para capar, bola na área e, em uma delas, aos 50min, Sergi Roberto, vilão em Paris, virou o herói no Camp Nou. Fez o sexto gol.
Não acho que o PSG mereça ser tão criticado assim. Foi a Barcelona para conseguir a classificação. E estava conseguindo o objetivo até o derretimento dos minutos finais. E muito difícil jogar contra um Barça ligado na tornada e uma arbitragem tão nefasta.
O Barcelona mostrou raça, coragem e fé. Não desistiu até levar o gol. Com 3 a 1 no placar, todos já haviam desistido. Mas aí Neymar e o juiz resolveram dar outro destino à eliminatória.
Curiosamente, esse mesmo arbitro da Bundesliga chegou a voltar atrás numa marcação. Em 2014 Aytekin atribuiu uma penalidade ao Eintracht Frankfurt contra o Stuttgart. Depois de conversar com seu assistente, mudou de ideia e cancelou o pênalti. Fica claro que alemão, pelo currículo, não é de marcar tantas penalidades máximas.
Por alguma razão, na noite catalã, apontou freneticamente a chamada marca fatal. Saiu de seu padrão habitual. E como saiu! Assim, o fez dua vezes num jogo em que a equipe da casa precisava de muitos gols. Azar do PSG. Time de sorte esse Barcelona, não?