A ação pública que pede a saída de José Maria Marin da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi entregue, às 15h15 desta segunda-feira, na sede da entidade, no Rio de Janeiro. O documento foi levado por Ivo Herzog, filho de Vladimir Herzog, jornalista assassinado durante a ditadura militar, e também pelos deputados federais Romário e Jandira Feghali. A petição conta com 55 mil assinaturas e questiona a ligação com a ditadura do homem que hoje comanda o futebol brasileiro.
A permanência do grupo no prédio da Confederação durou menos de cinco minutos, pois, segundo eles, não havia nenhum representante da diretoria da CBF no local, nem o próprio Marin, para receber a petição. Com isso, o documento, que também foi enviado a todas as 27 federações estaduais, foi entregue a uma funcionário do protocolo.
Ivo Herzog comentou o simbolismo de entregar a petição no dia em que o Golpe Militar, iniciado em 1964, completa 49 anos. E disse que tem cinco perguntas para fazer ao presidente da CBF sobre a morte de seu pai.
"Eu preferia estar aqui me candidatando para trabalhar na Copa do Mundo, na Copa das Confederações e não chegar aqui no prédio e não encontrar ninguém da diretoria para receber (a petição). Acho que é até uma falta de cavalheirismo, para não dizer um ato democrático", afirmou Ivo, completando:
"Eu venho dizendo há tempos que se o Marin acha que o que eu estou dizendo sobre a participação dele naquele capítulo triste da história não é verdade, estou disposto a conversar com ele. Eu tenho cinco perguntas para fazer ao presidente da CBF que vai me ajudar a entender qual foi o papel verdadeiro do José Maria Marin naquele tempo"
Mesmo partido que ministro dos Esportes
Ivo Herzog disse que já está em fase de análise pela Comissão da Verdade a convocação de Marin para prestar esclarecimentos sobre a morte de seu pai. O uso do site da CBF para o presidente se defender das acusações também pode ser investigado pela Comissão.
"Não podemos deixar de entregar toda a documentação que o filho de Herzog traz à CBF, além de levar à Comissão Nacional", disse a deputada Jandira Feghali, que é do mesmo partido do ministro dos Esportes Aldo Rebelo e preside a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.
Entenda o caso - Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, quando estava ilegalmente detido nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Informações de Defesa Interna (DOI-Codi), controlado pelo Exército, em São Paulo. No texto em que justifica a petição, Ivo afirma que Marin ajudou a dar sustentação política à ditadura.
O atual presidente da CBF era deputado estadual em 1975, na época em que Vlado foi assassinado. No dia 9 de outubro, Marin pediu providências às autoridades contra a atuação de supostos militantes de esquerda na TV Cultura, conforme está registrado literalmente no Diário Oficial de São Paulo. Dezesseis dias depois, em 25 do mesmo mês, Herzog, que era diretor de telejornalismo da emissora, foi ilegalmente detido e assassinado, após apresentar-se voluntariamente no DOI-Codi.
O atual presidente da CBF era deputado estadual em 1975, na época em que Vlado foi assassinado. No dia 9 de outubro, Marin pediu providências às autoridades contra a atuação de supostos militantes de esquerda na TV Cultura, conforme está registrado literalmente no Diário Oficial de São Paulo. Dezesseis dias depois, em 25 do mesmo mês, Herzog, que era diretor de telejornalismo da emissora, foi ilegalmente detido e assassinado, após apresentar-se voluntariamente no DOI-Codi.