Dona de casa de 25 anos afirmou à polícia que a menina estava 'possuída por demônios' e a espancava como forma de 'purificá-la'
Vanessa indica à polícia onde está enterrado o corpo da filha (Reprodução / TV Globo/VEJA)
Uma dona de casa de 25 anos confessou em depoimento à Polícia Civil do Paraná, nesta terça-feira, ter participado do assassinato da própria filha, de 6 anos. Ela alegou que a morte foi decorrência de um ritual que incluia espancamentos frequentes contra a criança. Vanessa Aparecida Ramos do Nascimento alegou que as surras eram parte de um plano espiritual de Deus. E que a garota era possuída por demônios. O crime foi cometido com a ajuda de Giulia Albuquerque, amiga de Vanessa. As duas indicaram à polícia onde o corpo estava enterrado. A ossada da menina Maria Clara Zortea Ramalho, que estava desaparecida desde o início de março, ainda está no Instituto Médico Legal (IML) de Cascavel e deverá ser liberada somente após os resultados do exame de DNA, o que deve levar dois meses.
"Ela (Giulia) dizia que Deus tinha um plano na minha vida e que Deus ia mudar a minha história, que eu ia ter marido, prosperidade e toda essa história, só que para eu receber isso tinha um plano espiritual que eu tinha que fazer. E esse plano era corrigir os meus filhos e que se eles fizessem alguma coisa errada tinham que ser castigados. Eles tinham que apanhar", relatou Vanessa. No dia do crime, a menina, que já havia sido espancada, foi colocada ainda com vida no porta-malas do carro durante a madrugada como um processo de purificação. Pela manhã, Vanessa pediu para Giulia que a retirasse, mas ouviu da amiga que "Deus quer que ela fique um pouco mais" e que ela deveria ficar mais tempo para ser purificada.
A dupla contou à polícia que esse procedimento - de espancamento - fazia parte de um ritual para tirar um demônio teria possuído a garota. No dia seguinte (5 de março) as duas abriram o porta-malas e encontraram a menina sem vida. "Tiramos Maria Clara do carro e levamos para casa. Ela me disse para sair e deixar ela fazer respiração boca a boca. Depois de dez minutos voltei para o cômodo e vi que ela estava morta", contou, conforme depoimento divulgado pelas autoridades.
A partir dali, elas foram até uma localidade em Santa Tereza do Oeste (517 quilômetros de Curitiba), e a enterraram em uma cova com 50 centímetros de profundidade. Vanessa também é mãe de uma garota de dois anos que testemunhou todas as cenas. "No carro levamos a Emily na cadeirinha e a Maria Clara no porta-malas". Logo após o desaparecimento de Maria Clara, o pai da criança fez um boletim de ocorrência e procurou o Conselho Tutelar. O crime só foi descoberto no dia 28 deste mês.
(Com Estadão Conteúdo)