Tauanna vai mirar em concursos municipais e federais. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press |
Mais de 40 mil novas vagas em concursos públicos poderão ser afetadas pelo corte do governo federal anunciado na última segunda-feira. A medida faz parte de um ajuste orçamentário no total de R$ 26 bilhões, dos quais só a fatia para realização de certames deve representar uma economia de R$ 1,5 bilhão. A novidade deve deixar alguns concurseiros desesperançosos e de cabelos em pé, com a sensação de que a tão sonhada vaga no funcionalismo público está mais distante de acontecer.
De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, serão afetados os três poderes, o Ministério Público da União e o Conselho Nacional do Ministério Público. Seleções já autorizadas, a exemplo do INSS, não devem sofrer ajustes, assim como órgãos de orçamento próprio ou com a participação do capital privado. Concursos também continuam sendo realizados nas esferas municipal e estadual. É importante lembrar que especificamente em Pernambuco as nomeações estão suspensas.
Especialistas orientam que, mesmo com o cenário, o importante é não desanimar e continuar estudando. “Preparar-se para um concurso não acontece do dia para a noite, mas exige tempo e dedicação de pelo menos um ano. Não é porque as vagas para 2016 foram suspensas que as pessoas devem largar os livros”, orienta o vice-diretor pedagógico do Núcleo de Concursos Especial Cícero Roseno.
Uma estratégia apropriada para não sentir tanto os cortes é apostar em seleções municipais ou estaduais que tenham caráter similar às federais que não serão mais realizadas no ano que vem. A bacharel em direito e estudante do Espaço Heber Vieira, Tauanna Albuquerque, pretende seguir a dica. Com foco principal no concurso do Tribunal Regional Federal (TRF), ela afirma que não vai desistir de estudar.
A Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos afirma que existe uma grande quantidade de servidores em fase de aposentadoria e novas contratações via concurso são inevitáveis em algum tempo. Por isso, a Anpac orienta que os concurseiros aproveitem a oportunidade de suspensão temporária dos concursos para intensificar a preparação e colher bons resultados a longo prazo.
Impactos nos cursos
O adiamento da abertura de novas vagas no funcionalismo público não afetará o funcionamento dos cursos preparatórios. Pelo menos é o que defendem alguns diretores das instituições. Para Bruno Coutinho, sócio-diretor do Damásio Educacional, o anúncio não deve causar grandes abalos psicológicos para os concurseiros experientes, mas pode desestabilizar quem está começando e tem dificuldade para compreender os cortes como frutos de um momento delicado.
Coutinho também ressalta o fato de que o comprometimento de vagas deve ser sentido apenas na esfera do executivo, deixando intactos os editais de outros poderes. “O executivo não tem autoridade para vetar a realização de certames do legislativo e do judiciário”, ressalta. “Também não deixaremos de ter seleções municipais e estaduais, tampouco dos órgãos com orçamento próprio ou de capital misto”, completa.
É o que espera o estudante Guilherme Andrade, 32, que está no aguardo de uma vaga no poder judiciário. “Vejo tudo o que está acontecendo muito mais como uma medida preventiva e não tenho medo de que os concursos acabem. Acredito inclusive que novos concursos possam acontecer antes do prazo esperado. E então pretendo continuar estudando.”
Opinião semelhante é partilhada pelo diretor do Espaço Jurídico Cursos Manoel Erhardt, que reafirma a manutenção de vários concursos já autorizados na esfera federal. Erhardt também acredita que a retirada do abono salarial dos funcionários públicos já aposentados, medida adotada pelo governo federal, deve provocar abertura de novos cargos. “Se eu fosse concurseiro, continuaria estudando, até porque o tempo para se dedicar aumentou e as seleções devem ficar mais competitivas”, afirma.