Novas regras de financiamento de imóveis usados, da Caixa Econômica, devem atrasar a compra em pelo menos 12 anos.
Redução nos depósitos da poupança e juros altos motivaram a Caixa a reduzir teto de empréstimo para usados |
Um cálculo do núcleo de real estate da Escola Politécnica da USP mostra que cada 10% do preço do imóvel representa perto de quatro anos de poupança para a família de renda média. Como o valor da entrada subiu de 20% para 50%, são 12 anos a mais para arrecadar o dinheiro. Com este cenário, os especialistas dizem que a saída é apostar em financiamentos privados ou optar por unidades na planta.
A Caixa explica que a alteração foi feita por causa do aumento das taxas básicas de juros, mas a diminuição dos recursos da poupança, que são usados no SFH, são o maior motivo das mudanças. "A expectativa é de 8,5% de inflação no Brasil neste ano, enquanto a poupança deverá render apenas 7%, ou seja, quem está com dinheiro na poupança está perdendo. Outro motivo é o desemprego. No Recife, está em 8%. Essas pessoas também tiram dinheiro da poupança para sobreviver", explica Roberto Ferreira, professor de finanças da UFPE. Segundo ele, o raciocínio do governo federal é estimular a compra de imóveis novos, o que aumentaria as novas obras e geraria de novos empregos.
Segundo Paulo Santos, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Pernambuco), a medida deu início a um efeito cascata que atingirá inclusive os imóveis novos e os aluguéis. "Quem quer vender um imóvel novo ou usado hoje vai ter que baixar", reforça. Ele revela que o recuo das intenções de compras já começaram em Pernambuco.
Miguel de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, concorda com o cenário negativo mas aconselha que os consumidores pesquisem por linhas de crédito em bancos privados. "A Caixa está claramente dificultando a tomada de crédito. Em um financiamento imobiliário, qualquer alteração nas regras significa muito dinheiro a mais na compra. O que vai acontecer é que haverá uma procura maior pelos financiamentos de bancos privados".