Taciana (E), os filhos Caio e Nayara e o neto Mateus
(Foto: Luna Markman / G1 PE)
Muita gente ainda tem aquela imagem de avó idosa, aposentada, fazendo crochê. Definitivamente, esse não é o perfil da recifense Taciana Gusmão, que, aos 34 anos, ganhou um neto. A bancária engravidou do primeiro namorado aos 16 anos. Por coincidência, a filha, Nayara, virou mãe com a mesma idade. Histórias iguais com repercussões diferentes, mas uma certeza: o amor de mãe supera tudo.Foi logo na primeira vez que Taciana se descuidou e engravidou. Sexo era um assunto tabu na casa dela. Apesar disso, a adolescente contou com a compreensão dos pais, mas o namorado não assumiu a criança e desapareceu da vida dos dois. Com vergonha de frequentar o colégio, onde cursava o antigo terceiro ano do Ensino Médio, ela parou de estudar.(Foto: Luna Markman / G1 PE)
"Todo mundo me apoiou, mas não tive estrutura psicológica. Era muito imatura. Não pensei em aborto em nenhum momento, mas a gravidez foi muito traumatizante, porque fui abandonada e virei 'mãe solteira'. Não tenho uma foto grávida de Nayara, porque era uma época que eu não queria me lembrar”, diz.
Quando a filha nasceu, a ficha caiu de vez e Taciana resolveu dar a volta por cima. “Ficavam dizendo que eu não iria ‘dar para nada’, ia virar apenas mãe e dona de casa. Então, eu pensei: ‘vou vencer’. Passei no vestibular, comecei a trabalhar e buscar minha independência. Levei uma juventude quase normal, porque minha família ajudou muito. A única coisa que eu sentia falta era não poder viajar com as minhas amigas”, lembra.Taciana foi obrigada a desenvolver, muito rapidamente, seu senso de responsabilidade, o que foi o lado bom da história, segundo ela. Aos 24 anos, casou-se pela primeira vez e teve Caio, em uma gravidez bem diferente, bastante curtida. Quando Nayara começou a crescer, a bancária prometeu a si mesma que tudo seria diferente com a filha. “Queria que ela realizasse o meu sonho de estudar e morar fora. Tinha essa obsessão. Então, quando ela teve o primeiro namorado sério, já fui conversando, dizendo para ela se cuidar e não atropelar as etapas”, conta.
Mas a história se repetiu...
O destino tem dessas coisas. No sexto mês de namoro, a jovem engravidou de Mateus. Taciana teve uma crise nervosa e ficou deprimida quase um mês - no período, nem falava com a filha. Foi assim até seus irmãos a convencerem de que Nayara precisava do apoio que ela teve anos atrás. “A minha história foi diferente, porque meu namorado ficou comigo. Ficamos juntos por uns dois anos. Eu adorava me sentir grávida, todo mundo no colégio me ‘babava’. Não parei de estudar e passei em Direito no vestibular. Hoje, faço estágio, divido tudo com o pai, tenho fins de semana livre, namoro”, fala a jovem mãe.
Taciana superou o susto e hoje curte bastante o neto
(Foto: Luna Markman/ G1)
Taciana garante que Nayara, aos 19 anos, é uma supermãe , sempre ‘ligada’ na rotina de Mateus. Mesmo morando em cidades diferentes, elas vivem saindo juntas, dividindo roupas e fofocas. Quem não conhece custa acreditar que são mãe e filha. E mais: que uma delas já é avó.“Hoje, minhas amigas que estão engravidando. Então, levo meu neto para a festa dos filhos delas e fica todo mundo ‘tirando onda’, me chamado de avó. Não tenho vergonha nenhuma. Adoro isso e faço questão de que Mateus me chame de ‘vó’. Agora, no meu segundo casamento, estou no auge da minha vida. É como se eu já tivesse feito minha parte e quero aproveitar o que eu não fiz antes, conhecer pessoas, lugares, porque sempre fui mãe”, explica Taciana, agora aos 37 anos.As previsões em torno de Mateus, que tem dois anos, já começaram e viraram troça dentro da família. “Todo mundo já faz as contas, dizendo que, se continuar nesse ritmo, vou ser avó daqui a 14 anos. Não quero nem pensar nisso, que alguém vai levar meu filho embora. Quando ele for namorar, vou dar uma caixa de camisinha”, brinca Nayara. Como não poderia deixar de ser, o Dia das Mães é sempre uma festa na casa dessa família meio precoce: todo mundo se junta na casa da mãe de Taciana, Nadja, que é bisavó aos 60 anos.(Foto: Luna Markman/ G1)