Nada de mística no Pacaembu
A Libertadores trouxe poucas alegrias e muitas tristezas para a torcida corintiana. A maior decepção talvez tenha sido a histórica eliminação para o Tolima, em 2011, na fase preliminar do torneio, e ainda está viva na memória dos torcedores. Tite já era treinador naquela época, e por muito pouco não foi demitido. Hoje, é o comandante da melhor campanha da história do clube na competição, independente do resultado desta noite.
"A mística fica do lado de fora. Se fosse pela mística, o Corinthians já estaria fora. É outra história, outro momento", defendeu Tite.
E é bom que fique mesmo de fora. Os times brasileiros tem retrospecto negativo em finais da Libertadores contra equipes de outros países, e particularmente ruim contra o Boca Juniors. Cruzeiro (1977), Palmeiras (2000), Santos (2003) e Grêmio (2007) já viram os argentinos comemorarem o título na decisão, e apenas os santistas podem se gabar de terem levantado a taça sobre o rival, em 1963, na era Pelé.
A força do grupo
O Corinthians chega ao jogo decisivo com um poder defensivo inquestionável, e com a força de um grupo unido. O time de Tite até conta com bons jogadores, como Emerson e Paulinho, que se acostumaram a decidir nos momentos difíceis, mas fez o percurso sem um grande craque para sozinho chamar a responsabilidade. Tanto que o principal destaque na partida de ida foi Romarinho, jovem atacante que praticamente não atuou pela equipe.
"Nossa força é a união. Todo mundos se ajuda, não tem vaidade", resumiu Danilo, que superou a desconfiança para se tornar uma das peças mais confiáveis de Tite.
Confiança - ou soberba? - dos dois lados
A impressão na Argentina é de que os brasileiros já comemoram o título. É inegável a confiança corintiana, ainda mais depois de um empate improvável na Bombonera, conquistado nos últimos minutos, com gol de Romarinho. Mas o país vizinho tem absorvido provocações, como faixas de campeão preparadas pela torcida alvinegra, ou até a imagem de uma modelo limpando o chão com a camisa do Boca Juniors.
"Já levantaram a taça", escreveu o normalmente bem-humorado jornal Olé, em alusão às manifestações do Corinthians.
No Boca Juniors a confiança também é grande. A ponto do goleiro Orion destacar a "freguesia brasileira" em finais de Libertadores. O time argentino confia no retrospecto, e também na experiência dos jogadores, como Riquelme, três vezes campeão continental.
Os times
Corinthians: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Alex; Jorge Henrique e Emerson
Boca Juniors: Orion; Sosa, Schiavi, Caruzzo e Clemente Rodríguez; Somoza, Ledesma e Erviti; Riquelme; Mouche e Silva