A CBF, para Alex, cuida hoje apenas da seleção brasileira. O futebol fica por conta da Globo, que faz o que quer de acordo com seus interesses, que nem sempre são os mesmos dos torcedores.
"Acho que a CBF não tem uma interferência dentro do futebol tão grande. A CBF cuida apenas da seleção brasileira. Quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo. A gente sabe que a Globo trabalha na dependência da novela. A gente brinca aqui no Coritiba que os jogos de quarta-feira só rolam depois do último beijo da novela", disse.
O craque colocou a culpa pelos estádios vazios, e jogos em horários pouco convidativos, na conta da emissora e atacou a CBF, que teria entregado a organização do futebol no país à Globo sem pensar na qualidade do jogo.
"Pô, a gente joga bola dez horas da noite. Eu, que vou jogar, vejo uma situação ruim, preciso ficar no hotel o dia inteiro esperando um jogo dez horas da noite. Isso é ruim. Mas estou dentro de um hotel, confortável, tranquilão, vou jogar 90 minutos, tomar banho e vou embora para casa. E o torcedor? O cara sai de casa ou do trabalho, precisa ir para o estádio dez horas da noite, assistir ao jogo, voltar para casa, e ainda precisa acordar sete horas da manhã no outro dia. Poxa, isso é desumano. Por isso que os estádios estão vazios. A CBF é apenas uma sala de reuniões", disparou.
Alex comentou também os problemas que vê hoje na formação de atletas. Para o veterano, a situação é bem diferente da do seu tempo. Os jogadores se profissionalizam mais cedo, sem preparo, e o clubes olham cada vez mais a parte física, deixando a técnica de lado. Para o atleta, parte da mudança é culpa da Léi Pelé.
"Não sei se a culpa é do Pelé, mas a lei leva o nome dele. Quando você oferece o nome, você também oferece responsabilidade. Você ter um contrato profissional aos 16 anos, isso aí mudou muita coisa. A molecada hoje em dia chega para treinar com empresário, assessor, quatro ou cinco celulares. Para piorar, hoje é assim: 'Pô, esse garoto aí é baixo'. Poxa, nem olham para ver se ele tem qualidade, tiram a conclusão somente pela altura. A nossa escola na parte técnica está perdida. Mas ainda dá tempo de recuperar. Trazendo a discussão para dentro dos clubes, local onde se formam os jogadores, deixamos de lado a parte de técnica e priorizamos a parte física", analisou.