Por Gabriela Moreira, do Rio de Janeiro, para o ESPN.com.br
Daniel Augusto Jr./Ag.Corinthians
O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pediu a condenação do jogador do Corinthians Márcio Passos de Albuquerque, conhecido como Emerson “Sheik”, por contrabando de dois carros importados ilegalmente dos Estados Unidos.
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Na mesma decisão, o MPF pediu a suspensão do processo contra Rodrigo Oliveira de Bittencourt, o Diguinho, do Fluminense, mas condicionou a medida a uma lista de cinco condições. Entre elas, a proibição de o meia deixar o Brasil por mais de 30 dias, nos próximos dois anos, sem autorização da Justiça.
A decisão agora segue para a Justiça Federal. Caso seja condenado, Emerson pode pegar até quatro anos de prisão. Sheik e Diguinho também eram acusados por lavagem de dinheiro, mas no entendimento do procurador da República Sérgio Pinel as investigações não provam o cometimento deste crime.
De acordo com a manifestação do MPF, Diguinho só terá o processo suspenso caso cumpra as seguintes exigências:
1) Proibição de ausentar-se do Estado do Rio de Janeiro, por mais de 30 (trinta) dias, sem autorização do juízo;
2) Obrigação de comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço;
3) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, trimestralmente, para informar e justificar as suas atividades;
4) Aceitação da perda do automóvel BMW X6 XDRIVE 35i, cor branca, ano 2010, modelo 2011, Chassi 5UXFG2C52BLX07027, como reparação do dano;
5) Prestação de serviços à comunidade em instituição devidamente cadastrada perante a Justiça Federal desta subseção Judiciária, por um período de 6 (seis) meses, por 16 (dezesseis) horas por mês.
Caso não cumpra as medidas, o MPF pede que Diguinho seja condenado pelo crime de receptação, podendo pegar pena de detenção de até um ano.
Segundo a Justiça, os carros contrabandeados por Emerson foram uma BMW X6 de cor branca e um Chevrolet Camaro. Confira o trecho em que o MPF fala da “importação ilícita”. Na ação, Emerson é chamado pelo nome de batismo Márcio Passos de Albuquerque.
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Como foi a investigação:
Segundo a Polícia Federal, as investigações mostraram que, em uma das compras, Emerson depositou o dinheiro diretamente na conta de Jehuda Kazzabi. Israelense, UDI, como é conhecido, é morador de Miami, nos Estados Unidos, e apontado como um dos chefes da quadrilha, que tinha ramificações em 12 estados brasileiros. Para recebimento da BMW, no entanto, foi usada a concessionária de outro bicheiro, o Haylton Scafura, a Euro Imported Cars. Foragido desde outubro do ano passado, ele foi preso no início do mês, num condomínio na Barra da Tijuca.
As transações de Emerson estão comprovadas no processo através de escutas telefônicas e levantamentos financeiros feitos pela Receita Federal. Emerson é citado em diversos trechos do processo. Num deles, numa escuta telefônica, o israelense UDI reclama da compra feita pelo jogador, pois, por conta da transação, sua agência de carros fora alvo de inspeção da polícia americana.
Diguinho
O meia Diguinho entrou no processo como beneficiário do esquema. Segundo as investigações, a BMW comprada por Emerson tinha como destino final o jogador do Fluminense, à época, colega de clube de Sheik. No Brasil, a BMW X6, quando zero, é avaliada em cerca de R$ 300 mil, mas foi declarada pelo corintiano por R$ 200 mil. Após três meses com o carro, o atleta vendeu o bem para Diguinho, alegando à Justiça que não gostou da cor do estofado.
Para tentar "burlar" a fiscalização os jogadores, segundo a Justiça, criaram uma "cadeia artificial de compra e venda" do veículo, chegando a emitir cinco notas fiscais entre eles e a loja que importou a BMW.
Confira a transação entre eles:
29/10/2010 — Emerson compra a BMW da Rio Bello por R$ 200 mil (Nota Fiscal 12).
20/12/2010 — Ele devolve o carro à loja e recebe a quantia de R$ 160 mil (Nota Fiscal 30). No mesmo dia, Diguinho compra a BMW por R$ 200 mil (Nota Fiscal 31).
10/01/2011 — Ele devolve o carro (Nota Fiscal 34). Horas depois, compra novamente (Nota Fiscal 35).
Ainda de acordo com o processo, o carro dos jogadores demorou sete meses para chegar ao Brasil
Veja o caminho do carro de Emerson e Diguinho:
1) O jogador Emerson "Sheik" encomenda uma BMW X6 à Euro Imported Cars, no Rio (de propriedade do bicheiro Haylton Escafura).
2) A Sunbelt BMW (agência americana) tem um veículo à disposição e o negocia com a Fun Rides (agência americana de carros usados).
3) Apesar de o carro ter sido anunciado por U$ 57,3 mil, as investigações só encontram depósito no valor de U$ 5 mil, no dia 12/07/10, da Fun Rides na conta da Sunbelt.
4) A formalização da venda, no entanto, é feita com uma terceira loja a Limo Depot (agência americana de carros novos), por valor menor do que o carro fora anunciado: U$ 49,9 mil, no dia 4/08/10.
5) Em 15/08/10 é registrada uma comunicação de venda do carro para exportação, para a Euro Imported Cars (agência de Escafura), no valor de U$ 61,4 mil
6) Em 7/10/10, PBMK International Inc (americana) se declara às autoridades marítimas como empresa responsável pela importaçao do veículo. Apesar de na Declaração de Importação constar outra empresa como responsável, a Rio Bello Com Imp e Exp LTDA (que é brasileira).
7) Em 11/11/10, a BMW X6 passa pela Receita Federal, já em território brasileiro.
8) Em 29/11/10, é feito o registro do Renavam, no Detran, do carro que seria vendido a Emerson.
A MATÉRIA COMPLETA DO CASO O FÃ DO ESPORTE PODE ASSISTIR A PARTIR DAS 23 HORAS, NO SPORTSCENTER.