Mesmo com fortes enjoos decorrentes da quimioterapia e consciente de que o câncer no cérebro não tem cura, o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, de 55 anos, enfrenta a doença de forma bem-humorada. Para o neurocirurgião Marcos de Queiroz, médico que acompanha Schmidt, o otimismo é fundamental nesta fase do tratamento.
— A evolução de qualquer tipo de câncer em pacientes deprimidos é mais rápida do que em pessoas que têm mais energia para tratá-lo. O Oscar está 100% focado no tratamento e demonstra uma vontade enorme de vencer esta batalha.
Segundo o médico, o tempo de sobrevivência do paciente vai depender da gravidade do quadro e da resposta do organismo ao tratamento, "podendo variar de dois a dez anos". Mas isso não parece abalar o maior cestinha da história do basquete mundial. Em entrevista recente ao Domingo Espetacular, da Record, Schmidt disse que "este tumorzinho pegou o cara errado" e está certo de que ainda há tempo de aproveitar a vida.
— Depois que descobri o tumor, não guardo mais dinheiro, só gasto, especialmente com viagens e joias para a minha mulher. Caixão não tem cofre.
Em setembro, ele receberá uma das grandes homenagens do basquete, entrando para o Hall da Fama.
A doença começou há dois anos quando Schmidt foi submetido a uma cirurgia no cérebro para retirar o tumor grau dois que, segundo ele, era do tamanho de uma laranja. Recentemente, o câncer voltou e o ex-atleta precisou passar por uma nova cirurgia, conforme explica o médico.
— Apesar de pequeno, o tumor voltou um pouco mais agressivo. Numa escala que vai de um a quatro, ele foi classificado como grau três.
Agora, o ex-atleta segue o tratamento com radioterapia e quimioterapia via oral, ou seja, o medicamento é usado em casa e tem menos efeitos colaterais. O neurocirurgião Paulo Sanematsu Junior, diretor de neurocirurgia do A.C. Camargo Cancer Center, explica que o tratamento do câncer no cérebro visa preservar a qualidade de vida.
— Como a doença não tem cura e não sabemos quanto tempo o paciente vai sobreviver, o tratamento tem como objetivo proporcionar bem-estar e qualidade de vida. Se o tumor não for tratado, a pessoa pode apresentar problemas de visão, fala e movimento, dependendo da área do cérebro que ele afetar.
Felizmente, este não é o caso do ex-jogador de basquete. Apesar das duas cirurgias, Schmidt não teve sequelas. Com o apoio e o carinho da mulher Maria Cristina e dos dois filhos, Felipe e Stephanie, Schmidt não desanima, conforme conta Queiroz.
—A família está mais abatida do que ele, mas eles estão sempre ao lado de Oscar. Tenho certeza de que ele vai lutar até o último minuto.