Por Diogo Monteiro
Da Folha de Pernambuco
Durou pouco menos de um ano a aliança que reuniu, na eleição municipal de 2012, adversários históricos na política de Carpina. No apagar das luzes de 2013, duas novas baixas na base de apoio ao prefeito Carlinhos do Moinho (PSB) foram anunciadas. No domingo passado, a vereadora Maria da Conceição Ferreira da Silva, conhecida como Lia, do mesmo partido do gestor, anunciou a saída do grupo. No dia seguinte, foi a vez de a vice-prefeita Marta Guerra (PMDB) anunciar o rompimento. As defecções dão continuidade ao desmonte da frente de aliados que começou a ruir ainda em outubro, quando o deputado estadual Antônio Moraes (PSDB) e o grupo do ex-prefeito Joaquim Lapa (PTB) se voltaram contra o socialista.
Entre os motivos alegados pelos ex-aliados, estão a insatisfação com os rumos da gestão, reclamações quanto à falta de diálogo e até denúncias de malversação de dinheiro público. No entanto, aparentemente, o ponto preponderante tem relação direta com as eleições estaduais deste ano. Em outubro do ano passado, o prefeito filiou ao PSB sua filha e secretária de Esportes do município, Cássia do Moinho, lançando-a pré-candidata a deputada estadual. A iniciativa pôs em polvorosa os então governistas que defendiam o apoio à reeleição de Antônio Moraes e alegam que havia um acordo neste sentido.
“Isso foi um descaso muito grande. O deputado foi quem articulou essa aliança, quem construiu a união de todos. Ele trouxe Joaquim Lapa para apoiar o prefeito e derrotar Botafogo Júnior (PSDB, sobrinho do ex-prefeito Manoel Botafogo)”, acusa a vice-prefeita. Para além do que considera uma traição ao tucano, Marta Guerra enumera outros motivos para a decisão. Diz ter sido “isolada e desprestigiada” na administração e aponta “desmandos que levam a cidade a ser motivo de galhofa”.
Ela lembra que, em meados de dezembro, um projeto de criação de um código sanitário foi encaminhado à Câmara Municipal, contendo, entre as normas, a proibição do “trânsito de animais nas praias do município” (embora Carpina esteja amais de 60 quilômetros do Litoral), bem como itens relativos a portos e aeroportos. Depois foi constatado que o texto havia sido copiado de forma literal a um similar elaborado no Cabo de Santo Agostinho.
No dia em que a vice-prefeita anunciou a saída, a prefeitura convocou um “mutirão de limpeza”, segundo ela, obrigando servidores contratados e comissionados a recolher o lixo das ruas. “Foi um acúmulo de coisas que me forçaram a tomar esta decisão. Fiz de tudo para não sair”, garante a peemedebista.